EAEN  

V ESCOLA AVANÇADA DE ENERGIA NUCLEAR

Teoria e aplicações das ciências nucleares

 

     Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN-CNEN/SP

São Paulo, 25 a 30 de junho de 2012

     IPEN-CNEN/SP

 

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                     Introdução

 

                     A energia elétrica é essencial ao desenvolvimento sócio-econômico dos países. É sinônimo de melhor qualidade de vida. Enquanto a população mundial cresce e eventualmente se estabiliza, as demandas de energia para garantir condições de vida adequadas onerarão severamente os recursos disponíveis, especialmente os dos combustíveis fósseis. Novas e diferentes fontes de energia e métodos de conversão terão de ser explorados e colocados em uso prático. O sábio uso da energia nuclear, baseado tanto na compreensão de riscos quanto de benefícios, será requerido para satisfazer este desafio à realidade. Até pouco tempo atrás, considerávamos as palavras acima como uma proposta para o futuro. Está claro, principalmente devido ao aquecimento global acelerado e pela necessidade da conservação dos recursos existentes, que esta proposta é urgente e vital.

 

                     A energia nuclear é a única que tem todas as suas etapas devidamente monitoradas e sob total controle, sem liberar qualquer produto nocivo ao meio ambiente. O fato de a geração de energia nuclear em nada contribuir para o efeito estufa, que vem provocando o aquecimento do planeta e alterações climáticas preocupantes, tem levado organizações e líderes de movimentos ambientalistas – antes ferrenhos críticos à construção de usinas nucleares – a reverem suas posições. Terceira fonte mais utilizada mundialmente, é baseada em tecnologia madura e comprovada. Os aspectos ambientais da indústria nuclear, em sua totalidade, se comparam favoravelmente às alternativas existentes para a produção de energia elétrica em grandes quantidades. A diversificação da geração expande a oferta de energia e evita a dependência de uma única fonte.

 
                     As usinas nucleares de Angra 1 e 2 respondem pelo abastecimento equivalente a 40% das necessidades do Estado do Rio de Janeiro. O Brasil possui uma das maiores reservas de urânio do mundo o que permite o suprimento das necessidades domésticas em longo prazo e a disponibilização do excedente ao mercado externo. O combustível nuclear agrega tecnologia e potencial energético a partir do urânio, e sua linha de produção é apresentada, de forma resumida, no Ciclo do Combustível Nuclear.

 

               A indústria nuclear é uma das poucas atividades com interferência humana que tem capacidade para controlar totalmente os rejeitos que produz. Os rejeitos são classificados pelo seu teor de radioatividade. Nas usinas de Angra, por exemplo, os rejeitos classificados como de baixa radioatividade são materiais utilizados na operação das usinas, como luvas, sapatilhas, roupas especiais, equipamentos e até fitas crepes. Depois de coletados e separados, estes materiais sofrem um processo de descontaminação para reduzir seus níveis de radioatividade. Alguns materiais são triturados e prensados, para ocuparem menos espaço e acondicionados em recipientes que bloqueiam a passagem dessa radiação. Os resíduos de média radioatividade, compostos de filtros, efluentes líquidos solidificados e resinas são acondicionados em uma matriz sólida de cimento e mantidos dentro de recipientes de aço apropriados. Com o passar do tempo, esse material perde a radioatividade, mas até lá tem de ser encapsulado e armazenado em depósitos isolados e monitorados.

 

                     O governo brasileiro tem a firme intenção de acelerar o andamento do programa nuclear brasileiro, que prevê dentre outros a construção de seis a oito usinas até 2030 com reatores nucleares das gerações III e IV para geração de energia elétrica; incineradores do lixo radioativo; a formação de recursos humanos; regulamentação e escolha do local do depósito permanente de rejeitos de alta atividade; projeto básico de um sistema nuclear para a produção de hidrogênio; atualização e estudos de alternativas para a tecnologia de enriquecimento de urânio; auto-suficiência na produção de radiofármacos.

 

                  Não há como negar que praticamente todos os dias, os meios de comunicação nos trazem informações sobre assuntos relacionados à energia nuclear, que são pouco divulgados no ensino médio: “a geração de energia nuclear em nada contribui para o efeito estufa”, usinas de Angra, lixo radioativo, enriquecimento de urânio, programa nuclear brasileiro, programa nuclear do Irã, submarino nuclear brasileiro, e outros.

 

           As aplicações benéficas da energia nuclear (radiografia industrial - gamagrafia, neutrongrafia, radioisótopos e radiofármacos, irradiação de alimentos, esterilização por irradiação, análise por ativação neutrônica, controle de insetos e pragas, terapia por captura de neutrons – BNCT, etc) são pouco conhecidas pelos estudantes do ensino médio a não ser a parte envolvida com a física médica utilizada em radiodiagnósticos.

 

                    Desta forma, é indispensável a realização de uma escola que explore a escassez e as falhas da educação na área nuclear no ensino médio, uma escola de alto nível, atual, com ocorrência anual, que atenda às deficiências observadas quanto à preparação dos estudantes do terceiro ano do ensino médio para as olimpíadas internacionais, uma escola com professores e pesquisadores experientes na área nuclear e ensino, uma escola que tenha a finalidade de divulgação das inúmeras aplicações da energia nuclear para o benefício da sociedade (que normalmente tem uma visão distorcida e relacionada aos explosivos e malefícios), uma escola que tenha a finalidade de atrair futuros alunos com grande potencial para os cursos de pós-graduação. A escola proposta é uma forma de divulgar o árduo trabalho dos pesquisadores do IPEN e a energia nuclear para o ensino médio, além de estar de acordo com a missão do IPEN. Não há dúvidas que o IPEN é o lugar completo e adequado para a realização da ESCOLA AVANÇADA DE ENERGIA NUCLEAR para o ensino médio - EAEN – Teoria e aplicações das ciências nucleares.    


Fonte :

Ishiguro, Yuji. A Energia Nuclear para o Brasil, São Paulo: MAKRON Books, 2002.

Eletronuclear - www.eletronuclear.gov.br

INB - Indústrias Nucleares do Brasil - www.inb.gov.br


 

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